OLIVEIRA E SILVA
Deste poeta, pouco conseguimos saber. Desconhecemos-lhe o(s)
prenome(s), assim como outros dados biográficos elementares.
Tudo leva a crer que seja ele o mesmo a que se refere Brito Broca em
A vida literária no Brasil – 1900. Nessa obra. Oliveira e Silva é declarado jornalista, sendo mencionado várias vezes. Na primeira é relatada a conferência de Afonso Celso, no Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, feita por ocasião da visita do criminologista italiano Enrico Ferri àquela cidade, em novembro de 1908. A conferência de Afonso Celso era uma reação às conferências do criminologista, que era francamente anticlerical. Oliveira e Silva, segundo Brito Broca, logo depois, no mesmo recinto, reforçou a réplica às ideias de Ferri. Na segunda, é relatada outra conferência do jornalista, realizada na Associação dos Empregados do Comércio, no Rio de Janeiro, em 1910, dessa vez em relação à ideias de Clemenceau, que visitava o Brasil naquele ano.
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MAIO DE 1888: Poesia distribuídas ao povo, no Rio de Janeiro, em comemoração à Lei de 13 de maio de 1888 / Edição, apresentação e notas de José Américo Miranda: pesquisa realizada por Thais Velloso Cougo Pimentel, Regina Helena Alves da Silva, Luis D. H. Arnauto. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1999. 220 p. (Coleção Afrânio Peixoto, 45 )
Ex. bibl. Antonio Miranda
LIBERDADE
À S.A. a Princesa Imperial Regente
Vamos! de pé! Abram alas
À ideia da abolição;
Já não existem senzalas.
Foi outrora a escravidão!
Custou? Que importa isso agora
À terra de Santa Cruz,
Se quando rompe a aurora
Faz-se pra todos a luz!
Santa festa a que redime
A raça dos poleás!
Apoteose sublime
Em que todos são iguais!
Três séc´los de dor;
Mas um momento de glória
Salva um passado de horror!
Vamos! de pé! Abram alas
À ideia da abolição!
Já não existem senzalas,
Foi outrora a escravidão!
OS DOIS HERÓIS
Dos tempos através dois vultos altaneiros,
Imensos, colossais, nos fatos brasileiros,
Irmãos na mesma ideia, apóstolos iguais,
Pilotos do porvir, domando os temporais.
Completam-se hoje quando o povo é outro e a vida
De súbito surgiu na pátria entorpecida.
Lutaram muito e a luta a um deles esmagou
E o sangue do martírio a pátria maculou!
É desse sangue augusto, herança do passado
Com a lágrima do escravo aos poucos fecundado,
Que veio esse outro herói, ardente a pelejar
Batendo a escravidão dos pósteros de Agar.
De um lado a infâmia, o horror, as sombras de epopeia!
E do outro a pátria e o bem, o poema de uma ideia!
Sem tréguas o combate ! o herói venceu então!
Usando uma arma só, o imenso coração!
E assim da liberdade o santo tirocínio
A Tiradentes fez igual a Patrocínio!
A TOGA E LIRA: coletânea poética. Abeylard Pereira Gomes ...[
et al.: apresentação por Fernando Pinto. Rio de Janeiro: Record, 1985. 224 p. Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília
PAISAGEM
Paisagem azul. O mar se cobriu de veleiros
De uma brancura espetacular,
Faísca tanto, que me doem as pupilas,
Ao sol violento do verão.
Ah! o infinito, deslumbrante mar!
Parece um clarão!
CONVITE À JUVENTUDE
— O pássaro que entraste, ontem, pela janela
E desapareceste, em voo rápido,
Enquanto eu compunha uma canção de amor,
E a noite se mostrava, azul e bela,
que levaste de mim, deixando-a interrompida?
A mais alta porção de uma vida?
Não me queiras sofrendo a longa espera.
Volta com o sopro da primavera,
Antes que os meus cabelos fiquem brancos,
E agite minhas mãos o primeiro tremor,
Para que possa termina-la, transbordante,
Carregada, rica de amor.
POETAS IMPOSSÍVEIS
Ah! os poetas impossíveis!
Terríveis, incríveis, inaudíveis!
Felizmente minoritários,
Tentam abrir itinerários
Novos e desnecessários.
Com uma poesia em miligramas,
Odeiam as palavras e, para sucedê-las,
Apresentam ideogramas
E jogam caramelos às estrelas...
Nada de imagens ou de sentimento,
Apenas sinais ao vento,
O que, na verdade, é triste,
Convenhamos: muito triste.
Tudo o que escreveu não existe
Para eles, que se destrua.
O leitor absorve, aceita
Sua ginástica perfeita.
Imitando pássaros,
Podem se alimentar de milho alpiste.
Convenhamos que é triste, muito triste.
SONETO ONÍRICO
Em sonho, alguém subiu no mais distante
Do espaço e, com assombro, avista aquela
Que, desde a infância, no primeiro instante,
Dante amou, comovendo-se — Tão bela!
Então, sem se conter, à luz radiante,
Grita: Dante adorou-te e te revela
No paraíso, é deusa fascinante!
És a própria Poesia que se estrela!
— Ó Beatriz! Aproxima-te! Mais perto!
Para eu dizer ao Mundo, que sorria,
Que não há angústia, nem deserto.
Clara, uma voz ressoa, repousada:
— Não entendo... me falas de poesia?
Dante? Dante? Quem é? Não lembro nada...
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Página ampliada e republicada em junho de 2023
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Página publicada em fevereiro de 2021
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